“Alternativa pra criança aprender basta quem ensina
Essa é a verdade, criança aprende cedo a ter caráter
A distinguir sua classe, estude, Marx
Seja um mártir, às vezes um Luther King, um Sabotage”
Música: Canão foi tão bom (Sabotage)
A jornada de trabalho é, na maioria das vezes dolorosa, às trabalhadoras e trabalhadores; como um moedor de carne, empurra a nossa vitalidade contra as frias e afiadas lâminas do mercado de trabalho. Após triturar corpos que, inevitavelmente, lhe são oferecidos jovens, a lógica do modo de produção capitalista que vivemos hoje, os cospe por não servirem mais aos seus interesses.
Nos parece impossível idealizar uma vida onde trabalhamos menos, afinal, somos filhas e filhos das gerações que acreditaram que se trabalhassem muito se tornariam ricos. Ledo engano, trabalharam muito, adoeceram e continuamos todas e todos na base da pirâmide. A meritocracia era e continua sendo uma falácia, história para ninar menino grande.
Nós já não queremos mais adoecer de trabalhar e, quando a Deputada Federal Érika Hilton, com toda sua ousadia propõem que a classe trabalhadora avance em direção à dignidade, há socialmente, uma grande animosidade. Propôs a redução das jornadas de trabalho sem a alteração dos salários, partindo de um pressuposto que a vida das trabalhadoras e trabalhadores precisa existir, e existe, além do trabalho.
O tempo de lazer, descansar, brincar… o ócio, é cada dia mais visto como desnecessário, existe até quem diga “trabalhe enquanto eles dormem”, e os que dizem isso são os que lucram enquanto dormem, tendo em vista que existe quem trabalhe para eles. Não se engane.
Os ditadores da hora, impõem a aceleração do tempo, isso é feito com aumento de jornadas de trabalho, aumento de horas gastas no transporte, sendo eles público ou particular, sem falar nas horas e horas perdidas diariamente em redes sociais. Quanto menos tempo tivermos para pensar, menos tempo teremos para nos revoltar com a realidade e as imposições. Tudo assim parecerá uma escolha individual, e os verdadeiros culpados, aqueles que escolhem e determinam os modelos de trabalho, de transporte, de cidade… ficam desresponsabilizados e cada vez mais ricos.
Assim, entendemos que o tempo de deleite é revolucionário! Precisamos construir uma realidade onde toda trabalhadora e trabalhador tenha direito ao lazer, por consequência ao pensamento crítico e a construção coletiva. A alienação só serve aos capitalistas, quanto mais produzimos para os senhores, mais escravos nos tornamos, sendo impossível quebrar o ciclo sem mudar o método.
Com isso, não estamos dizendo que se deva não trabalhar, mas sim criar um cenário onde o trabalho sirva para garantia da vida em sociedade sem os excessos que não são usufruídos pela classe trabalhadora. Não podemos esquecer que os direitos trabalhistas, por exemplo, também foram utópicos um dia, o voto feminino, o fim da escravização de pessoas em detrimento à sua etnia, a possibilidade de pessoas do mesmo gênero se casarem ou até mesmo de pessoas transacionarem de gênero.
Hoje vivemos a utopia de pessoas que construíram e consolidaram essa conjuntura. Desde os avanços da classe trabalhadora às mazelas sociais do capitalismo. Nossa realidade hoje é consequência das transformações sociais que outras e outros construíram. Somos hoje os sonhos e os pesadelos de gerações anteriores.
Neste momento precisamos estar organizadas e organizados, com punhos erguidos e lutando pelo direito de mais do que sobreviver, pelo direito de viver! Proletárias e proletários do mundo, este texto é um convite à revolução.
Organize-se.
Há braços.