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Brasil Política

Entenda como Bolsonaro e outros acusados agiram para tentar dar um golpe de Estado, de acordo com a PRG

Denúncia do órgão detalha ações que tinham como objetivo impedir que Lula tomasse posse como presidente da República

19/02/2025 10h39
Por: Sheron Nicolette Fonte: Brasil de Fato
Marcelo Camargo/Agência Brasil
Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou nesta terça-feira (18) o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 33 pessoas pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa, dano qualificado e grave ameaça contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.

O objetivo central das ações da organização era impedir que o resultado das eleições presidenciais de 2022 fosse cumprido e impedir Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de tomar posse como presidente do país. A ideia era que Bolsonaro permanecesse no poder mesmo sendo derrotado nas urnas.

A denúncia explica como o núcleo duro da organização – composto por Alexandre Rodrigues Ramagem, Almir Garnier Santos, Anderson Gustavo Torres, Augusto Heleno Ribeiro Pereira, Mauro César Barbosa Cid, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira e Walter Souza Braga Netto, além do próprio Bolsonaro – atuou em diversas frentes para atingir seu objetivo.

De acordo com a PGR, o grupo:

  • agiu para descredibilizar o sistema de votação, criando e divulgando narrativas sobre fraudes nas urnas eletrônicas;
  • mobilizou aparatos de órgãos de segurança para mapear locais com votação expressiva para Lula e usou a Polícia Rodoviária Federal para realizar operações que atrapalhassem o fluxo de eleitores dessas regiões;
  • repassou material para influenciadores digitais manterem acesa a mobilização iniciada logo após a vitória de Lula, que fechou rodovias e ocupou as portas de quartéis em todo o país com o objetivo de sensibilizar as Forças Armadas a aderirem ao golpe;
  • pressionou o Alto Comando do Exército para agir com o uso da força para que Lula não assumisse a presidência;
  • estruturou um plano de ataque às instituições que incluía a morte de personagens-chave, como Lula e o ministro do STF Alexandre de Moraes. Ambos chegaram a ser monitorados para a execução de possíveis ataques;
  • Augusto Heleno (Chefe do Gabinete de Segurança Institucional) e Alexandre Ramagem (Diretor-Geral da Agência Brasileira de Inteligência – Abin) utilizaram a estrutura agência de inteligência do Estado para atacar opositores e o sistema eleitoral;
  • após o primeiro turno da eleição de 2022, solicitou à Abin o levantamento de informações sobre os locais onde Bolsonaro foi derrotado;
  • via redes sociais, agiu para disseminar críticas infundadas ao sistema eleitoral, o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e contra a posse de Lula;
  • discutiu, orçou e buscou apoio financeiro para as ações antidemocráticas; e
  • preparou um decreto golpista para justificar o rompimento das estruturas democráticas.

Outro lado

Em nota, a defesa do general Braga Netto chamou a denúncia de “fantasiosa”. No texto, os advogados José Luis Oliveira Lima e Rodrigo Dall’Acqua afirmam que a PF e o MPF ignoraram o pedido do general para prestar esclarecimentos, demonstrando “desprezo por uma apuração criteriosa e imparcial”. “É inadmissível numa democracia, no Estado democrático de Direito, tantas violações ao direito de defesa serem feitas de maneira escancarada”, diz a nota. Em nota, a defesa do general Braga Netto chamou a denúncia de “fantasiosa”.