Quarta, 19 de Março de 2025 23:27
21°

Tempo limpo

Rio Grande, RS

Dólar com.

R$ 5,64

Euro

R$ 6,15

Peso Arg.

R$ 0,01

Coluna de Opinião Coluna de Opinião

O Poder do Boicote Global: A Resposta ao Imperialismo Econômico dos EUA

A retaliação econômica contra os EUA não seria apenas um ato de resistência, mas uma demonstração de poder dos povos.

12/02/2025 09h41
Por: Redação
 Andrew Caballero-Reynolds/AFP
Andrew Caballero-Reynolds/AFP

Por Dirceu Lopes

A economia sempre foi a linguagem universal do poder. Grandes impérios caíram não apenas pelo peso de suas contradições internas, mas também porque deixaram de ser economicamente viáveis. Os Estados Unidos, sob a liderança de figuras como Donald Trump e seus aliados, avançam em uma agenda de dominação global baseada na exploração econômica, na imposição de sanções, no financiamento de guerras e na subjugação de países inteiros a seus interesses.

Mas há uma força maior do que qualquer governo ou elite financeira: a decisão coletiva dos povos. E se os 7 bilhões de habitantes da Terra decidissem parar de consumir produtos e serviços norte-americanos? A ideia de um boicote massivo pode parecer utópica, mas tem precedentes históricos.

O boicote ao Apartheid na África do Sul foi fundamental para o colapso do regime racista. O movimento de desinvestimento contra a indústria tabagista gerou impactos profundos nas grandes corporações do setor. Quando as pessoas se unem em torno de um propósito, o capital treme. E a maior vulnerabilidade dos EUA não está em sua força militar, mas em sua dependência da aceitação global de seus produtos, de suas marcas e de seu sistema financeiro.

Hoje, gigantes norte-americanas como Apple, Amazon, McDonald's, Coca-Cola, Google e Tesla dominam mercados em todos os continentes, muitas vezes esmagando indústrias locais e reforçando um modelo econômico que concentra riqueza nas mãos de poucos. A cada dólar gasto em um produto dessas corporações, estamos sustentando um sistema que financia desigualdades, guerras e exploração. Mas se esses mesmos dólares forem redirecionados para empresas locais, para mercados regionais e para nações que valorizam um comércio mais justo, o impacto pode ser devastador para o império econômico norte-americano. Imagine o efeito de uma campanha global para substituir o consumo de produtos dos EUA por alternativas de outros países.

A China já possui tecnologia suficiente para substituir muitas marcas americanas. A América Latina, a África e a Ásia possuem recursos naturais e capacidade produtiva para alimentar suas próprias populações sem depender de multinacionais estadunidenses. O mercado europeu já começa a questionar sua submissão econômica a Washington. O que falta? Consciência e mobilização. A retaliação econômica contra os EUA não seria apenas um ato de resistência, mas uma demonstração de poder dos povos.

Trump e seus seguidores acreditam que podem impor sua vontade ao mundo, mas não podem obrigar ninguém a comprar seus produtos. Um boicote global faria Wall Street entrar em colapso, derrubaria o dólar como moeda dominante e forçaria uma reformulação completa da estratégia imperialista. Eles entenderiam, talvez pela primeira vez, que o mundo não é sua colônia.

Claro, esse movimento exige estratégia. Governos progressistas poderiam incentivar a substituição de importações e fortalecer laços comerciais alternativos. Sindicatos e movimentos sociais poderiam educar a população sobre o impacto de cada compra. Influenciadores e intelectuais poderiam amplificar essa mensagem. A ação individual, multiplicada por milhões, se torna uma revolução silenciosa, mas devastadora.

O tempo de neutralidade acabou. Se a humanidade quer evitar um futuro onde uma única potência dita as regras, a hora de agir é agora. O boicote aos produtos dos EUA não é apenas uma questão econômica, mas um posicionamento político contra um modelo de dominação. A escolha está nas mãos de cada consumidor, de cada país e de cada comunidade. E se essa escolha for feita em massa, o império cairá – não pela guerra, mas pela recusa em alimentá-lo.